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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Emiliano Zapata - Historia




Emiliano Zapata

Emiliano Zapata Salazar (San Miguel Anenecuilco, México, 8 de agosto de 1879Chinameca, 10 de abril de 1919) foi um líder importante na chamada Revolução Mexicana de 1910 contra a ditadura de Porfirio Díaz. Considerado um dos heróis nacionais mexicanos, Zapata é também a inspiração para o movimento zapatista, iniciado no estado de Chiapas.

Juventude e política local

Zapata nasceu no pequeno estado mexicano de Morelos, no vilarejo de San Miguel Anenecuilco (atual Ciudade Ayala). Naquele tempo o México era dominado pela ditadura de Porfirio Díaz, que ascendeu ao poder em 1876.
A sociedade proto-capitalista e em muitos aspectos feudal ainda era predominante no México, com grandes fazendas (haciendas) avançando sobre as comunidades indígenas independentes (pueblos); os indígenas geralmente caíam sob a escravidão por dívida (peonagem), indo trabalhar nas haciendas. Porfirio Díaz de vez em quando promovia eleições locais para pacificar os peões, mantendo-se a frente do governo nacional que havia praticamente usurpado. Díaz deu a amigos e associados os cargos mais importantes no país, e sob ordens destas pessoas, cada vez mais se concentrava a terra em propriedade de poucos.



A família de Zapata, apesar de não ser rica, mantinha-se independente. Nunca foi realmente ameaçada de pobreza, evitando a peonagem e mantendo sua própria terra (ranchero). Em gerações anteriores os Zapata haviam até mesmo sido "porfiristas", ou seja, haviam dado suporte a Díaz. O próprio Emiliano tinha reputação de andar sempre bem vestido, comparecendo a touradas e rodeios com seu elaborado visual charro. Conquanto sua extravagância normalmente o associaria ao hacendados, que controlavam as fazendas, Zapata parece ter mantido a simpatia, admiração e até mesmo adoração pelas pessoas de sua localidade natal, e assim com cerca de 30 anos a ele foi confiada uma chefia do vilarejo, posto que lhe tornou porta-voz dos interesses de Anenecuilco.
Apesar de não ser indígena puro (tinha ancestrais espanhóis e era considerado, por isso, mestiço), Zapata rapidamente se envolveu nas lutas dos indígenas do estado de Morelos. Ele foi capaz de supervisionar redistribuições de terras em algumas haciendas, tendo dificuldades para fazer isso em outras. Zapata observou numerosos conflitos entre os habitantes dos vilarejos e hacendados, invariavelmente causados pelo roubo de terras cometido por hacendados. Numa ocasião fatídica, viu os hacendados incendiarem um vilarejo inteiro.
Por muitos anos Zapata manteve-se firme em campanha pelos direitos dos habitantes do vilarejo, primeiro através da recuperação de antigos títulos de propriedade, e depois pela pressão por atitudes sobre o governo de Morelos. Finalmente, desanimado com a falta de ações do governo e com os privilégios dados aos ricos fazendeiros, Zapata começou a fazer uso da força armada, simplesmente se apossando das terras em disputa.

A revolução de 1910

Nessa época Porfirio Díaz estava tendo que se preocupar com a candidatura de Francisco Madero, capitalista liberal com plenas condições de removê-lo do poder e provocar mudanças genuínas nos rumos do país. Zapata fez alianças secretas com Madero.
Em 1910, as agitações finalmente decantaram na formação de bandos guerrilheiros. Zapata rapidamente assumiu um papel importante, tornando-se o general de um exército formado em Morelos (o Ejército Libertador del Sur, Exército Libertador do Sul).
Zapata foi parcialmente influenciado por um anarquista do norte do México, Ricardo Flores Magón. A influência de Magón em Zapata pode ser sentida no Plano de Ayala (novembro de 1911), e ainda mais no lema adotado pelos zapatistas: Terra e liberdade! (Tierra y libertad!) — o título é máxima de um dos mais famosos escritos de Magón. A introdução de Zapata ao anarquismo aconteceu por obra de um professor local, Otilio Montano, que expôs a Zapata os trabalhos de Peter Kropotkin e Flores Magón no mesmo período em que o futuro líder revolucionário estava observando e tomando parte nos conflitos dos pequenos agricultores pela terra.
Díaz foi derrubado por Madero em 1911, em grande parte devido as rebeliões promovidas pelos peões. Zapata liderava os camponeses do sul e Pancho Villa liderava-os no norte. Madero havia prometido a reforma agrária e eleições para presidente, contudo boa parte dessas promessas ficou no papel. Insatisfeito com as atitudes de Madero e com a falta de apoio ao Plano de Ayala, Zapata não pode suportar a indicação para governador de um simpatizante dos grandes proprietários, e mobilizou novamente seu exército de libertação.
Madero, preocupado, pediu a Zapata o desarmamento e desmobilização do exército. Ao que Zapata respondeu que se as pessoas não poderiam obter seus direitos então, armadas como estavam, não teriam qualquer chance quando estivessem desarmadas. Madero enviou diversos generais para tentar neutralizar Zapata, mas com pouco sucesso.

Revolução contra Huerta e Carranza



General Emiliano Zapata em Cuernavaca (Abril 1911)
Madero foi logo destituído por Victoriano Huerta, um antigo general porfirista, que deu anistia a Díaz e controlou as frentes indígenas em luta pela reforma agrária. A reação dos camponeses a esse governante aumentou consideravelmente as forças armadas de Zapata, e também ajudou um novo grupo do norte: os villistas, comandados por Pancho Villa. Os Villistas eram compostos em maioria por simpatizantes de Madero, o que fez hesistar Zapata ante a um encontro com Villa (que inclusive havia rejeitado a idéia do Plano de Ayala, quando em contato com um zapatista na prisão).
A oposição a Huerta se consolidou com a entrada em cena de Venustiano Carranza, que liderou uma facção constitucionalista (o Exército Constitucionalista) que se aliou tanto a Villa quanto a Zapata. As forças unidas dos três se mostraram suficientes para derrubar Huerta, em julho de 1914. A seguir foi decidido que haveria uma convenção para escolha do novo presidente, à qual Zapata se negou comparecer, alegando que nenhum dos convocados havia sido eleito pelo povo. Os chefes do estado de Morelos enviaram uma delegação para apresentar o Plano de Ayala e acompanhar o desenvolvimento da convenção.
Carranza se fez chefe do governo pouco depois, o que se afigurou como mais um abuso. Inicialmente Carranza obteve lealdade de Álvaro Obregón, um comandante militar que deveria conter as guerrilhas zapatistas e villistas. Os zapatistas mantiveram-se mobilizados, mas com sérios problemas internos após anos de batalhas.
O governo de Carranza chegou a ponto de oferecer uma recompensa pela cabeça de Zapata, com objetivo de fazer o instável exército zapatista trair seu líder e desencorajar outros chefes zapatistas. Nenhum dos objetivos foi conseguido.

Morte e legado



O cadáver de Zapata é exibido em Cuautla, Morelos.
Em 9 de abril de 1919 o general Jesús Guajardo convidou Zapata para um encontro, fingindo simpatizar com a causa zapatista. Quando Zapata o encontrou, entretanto, Guajardo disparou diversas vezes contra ele; a seguir, entregou o corpo do chefe revolucionário em troca da recompensa oferecida (na verdade, metade do que havia sido oferecido).
Após a morte de Emiliano Zapata, o Exército de Libertação do Sul começou a desintegrar-se, desparacendo depois que uma rebelião comandada por Obregón depôs Carranza. As conquistas de Zapata no estado de Morelos foram aos poucos desaparecendo, também.
Mas, poucos anos após a morte de Zapata, o presidente Lázaro Cárdenas finalmente conseguiu promover uma reforma agrária nacional no ano de 1934.
O legado de Zapata permanece vivo ainda hoje, particularmente entre os grupos revolucionários do sul do México. Disse ele uma vez: "É melhor morrer de pé do que viver de joelhos".
Emiliano Zapata foi retratado em filmes por atuações de Marlon Brando (Viva Zapata!, 1952), Jaime Fernández (1966), Tony Davis, (1969), Antonio Aguilar (Emiliano Zapata, 1970), e Alejandro Fernández (Zapata - El sueño del héroe, 2004, com diálogos na língua Nahuatl).

Movimento zapatista

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Nota: Se procura outros significados, consulte Zapatista (desambiguação).


O Movimento Zapatista inspirou-se na luta de Emiliano Zapata contra o regime autocrático de Porfirio Díaz que encadeou a Revolução Mexicana em 1910. Os zapatistas tiveram mais visibilidade para o grande público a partir de 1 de janeiro de 1994 quando se mostraram para além das montanhas de Chiapas com capuzes pretos e armas nas mãos dizendo Ya Basta! (Já Basta!) contra o NAFTA (acordo de livre comércio entre México, Estados Unidos e Canadá) que foi criado na mesma data.

O movimento defende uma gestão democrática do território, a participação direta da população, a partilha da terra e da colheita.

Histórico

Depois da revolução mexicana e a derrubada do regime ditatorial de Porfirio Díaz o México entrou em conflitos internos durante mais de duas décadas. No fim da revolução, o Partido Revolucionário Institucional (PRI) tomou o poder e controlou o país até as eleições de 2000, quando foi eleito o presidente Vicente Fox do Partido da Ação Nacional.
Um marco histórico para o movimento foi a marcha dos zapatistas percorrendo 6.000 quilômetros em 37 dias passando por 13 estados do México até à capital Cidade do México, onde tinha reunião marcada com o presidente Vicente Fox, contando com personalidades como José Saramago, Manuel Vázquez Montalbán, Bernard Cassen, Alain Touraine, Carlos Monsivais, Elena Poniatowska, Carlos Montemayor e Pablo González Casanova. Marcos disse que foi uma caminhada [1] "das montanhas do sudeste mexicano a construção de um novo mundo".
Naomi Klein em matéria para o The Guardian[2] não parecia nem um pouco com um líder-político com um discurso populista como a história da América Latina nos lembra bem, e sim, com a magia de um poeta.
Ao fim da marcha tinham uma reunião com o presidente Vicente Fox.
A mudança de estratégia dos zapatistas pode ser observada como um todo, desde a revolução mexicana em 1910 até ao começo dos "novos zapatistas" com o exército Zapatista EZLN onde tinham como fundamental a organização política e militar da população para a tomada revolucionária do poder e ao longo da década de 1990 predominam práticas, formas de organização, discursos e objetivos que têm a comunicação e a criação de mecanismos de participação, democracia com objetivo principal.
Em julho de 2005 os Zapatistas apresentaram a Sexta Declaração da Selva de Lancardona. Nesta nova declaração, o EZLN chamou todos para uma campanha nacional em oposição à campanha presidencial de 2005. Na preparação da campanha foram convidados mais de 600 organizações de esquerda, grupos indígenas e organizações não governamentais para viajar pelos 32 Estados mexicanos a fim de discutirem suas reivindicações.

Terras indígenas




As comunidades indígenas estão espalhadas por todos os Estados mexicanos com maior concentração nos Estados de Guerrero, Puebla, Oaxaca, Chiapas, Yucatan e no Estado do México. Os zapatistas concentram-se no sul e sudeste, principalmente Oaxaca e Chiapas. As áreas zapatistas do sul são montanhas e de difícil acesso, áreas estratégicas para a guerrilha zapatista como proteção contra o Exército Mexicano: existe a Serra de Madre do Sul, que se estende por 1.200 quilômetros pela costa sul, e a sudeste pela Cordilheira de Tehuantepec com 2.000 metros de altura e ao longo de 150 km em Oaxaca, além das montanhas: Pico de Orizaba, Serra Madre de Chiapas, Vulcão de Tacuma e Meseta Central.

 Línguas e dialetos

As línguas indígenas do México pertencem a três grupos: Hokano, Otomangue e Yutonahua. As línguas Hokanas são Seri, Tequistlateca e Yumana e são faladas nas regiões do oeste dos Estados Unidos, costa do Estado de Sonora e centro de Oaxaca. As línguas Otomangue são Amuzga, Chinanteca, Mixteca, Otopame, Popoloca chocholteco, Ixcateco, Mazateco e Popoloca, Tlapaneca, Zapoteca, faladas nas regiões da Serra Madre do Sul, na fronteira entre Guerrero e Oaxaca, noroeste de Oaxaca, Puebla, Guerrero, Veracruz, Querétaro, Hidalgo, Tlaxcala e Acapulco. As línguas Yutonahua são Corachol, Náhuatl, Pimana, Taracahita, e são faladas nas regiões de Nayarit, Jalisco, Estado do México, Durango, Guerrero, Michoacán, Morelos, Oaxaca, Puebla, San Luis Potosí, Tabasco, Tlaxcala e Veracruz. Em Chiapas predominam as línguas maias.

 Economia

Um dos princípios dos zapatistas é a autonomia, o que inclui a economia das cidades autônomas, cercadas por quartéis e pelo exército, os municípios rebeldes estabelecem formas de governo alternativas ao padrão mexicano. A economia das cidades zapatistas baseia-se na economia de produção e subsistência e também pela confecção de materiais indígenas à venda para turistas, toda a renda é controlada sem hierarquia, pelas Juntas de Bom Governo.

Exército Zapatista de Libertação Nacional




O EZLN é um grupo indígena, contudo não-violento, com inspirações Zapatistas com sede em Chiapas, o estado mais pobre do México. Incorpora tecnologias modernas como telefones via satélite e Internet como uma maneira de obter a sustentação local e estrangeira. Consideram-se parte do largo movimento de antiglobalização.
Sua voz mais visível, embora não seu líder, porque é um segundo-comandante — todos os comandantes são índios maias — é o subcomandante Marcos. O comunicado abaixo do subcomandante em 28 de março de 1994 explica o porque de esconder os rostos e porque todos os zapatistas dizem que se chamam "Marcos": "Marcos é gay em São Francisco, negro na África do Sul, asiático na Europa, hispânico em San Isidro, anarquista na Espanha, palestino em Israel, indígena nas ruas de San Cristóbal, roqueiro na cidade universitária, judeu na Alemanha, feminista nos partidos políticos, comunista no pós-guerra fria, pacifista na Bósnia, artista sem galeria e sem portfólio, dona de casa num sábado à tarde, jornalista nas páginas anteriores do jornal, mulher no metropolitano depois das 22h, camponês sem terra, editor marginal, operário sem trabalho, médico sem consultório, escritor sem livros e sem leitores e, sobretudo, zapatista no Sudoeste do México. Enfim, Marcos é um ser humano qualquer neste mundo. Marcos é todas as minorias intoleradas, oprimidas, resistindo, exploradas, dizendo ¡Ya basta! Todas as minorias na hora de falar e maiorias na hora de se calar e agüentar. Todos os intolerados buscando uma palavra, sua palavra. Tudo que incomoda o poder e as boas consciências, este é Marcos."

 Presença militar

O atual presidente Vicente Fox foi eleito em 2000 com um discurso dizendo que acabaria com o conflito com os zapatistas em 15 minutos. Depois de eleito, a história se repetia, os zapatistas ficaram de lado pelo governo novamente. Como o conflito não acabou, paramilitares vigiam as fronteiras das terras indígenas constantemente, controlando a entrada de "turísticas" e ativistas nas regiões zapatistas. O conflito não se agrava além de como está por causa das organizações internacionais de apoio a causa zapatista presentes nas áreas indígenas: Chiapas Human Rights Observer Project do Canadá, Zapatista students, Global Exchange, Barrio Warriors de Aztlan, Chiapas Coalition 98 dos Estados Unidos da América, Tactical Media Crew, Colectivo de Solidaridad con la Rebeli Zapatista de Barcelona da Espanha, Direkte Solidarit Chiapas da Alemanha, Korautnomedia chiapasa, Zapatista Solidarity Collective Melbourne da Austrália, Japanese solidarity do Japão, Chiapas Peace House Project da França, Comitê Avante Zapatistas! do Brasil, além de organizações locais de direitos humanos e da Anistia Internacional. Contudo, massacres como o de Acteal e presos políticos são constantes em terras indígenas.

 Massacre de Acteal

O Massacre de Acteal aconteceu em 22 de dezembro de 1997 no vilarejo de Acteal em Chiapas, 46 indígenas tzotziles entre eles 18 crianças, 22 mulheres e 6 homens foram mortos dentro da Igreja de Acteal. A comunidade zapatista local testemunha que 90 paramilitares supostamente membros da Máscara Roja (Máscara Vermelha) fizeram o massacre, durante uma operação que se prolongou por cerca de 7 horas, a curta distância de um posto militar. Os militares ali estacionados não intervieram por forma a evitar o massacre, existindo relatos de que na manhã seguinte alguns deles se encontravam na Igreja, lavando o sangue das paredes. Após indignação da comunidade zapatista, mais de 100 índigenas foram presos em Tuxtla Gutiérrez, capital de Chiapas.
Depois da investigação pela Procuradoria Geral da República do México, entre os supostos participantes na chacina estavam ex-oficiais do exército mexicano e de segurança pública, condenados a pouco mais de três anos de prisão
 Acordo de San Andrés
O Acordo de San Andrés sobre Direitos e Cultura Indígena foi um documento que o governo do México acordou com o Exército Zapatista de Libertação Nacional en 16 de fevereiro de 1996 em San Andrés Larráinzar, Chiapas para comprometer-se a modificar a Constituição do México e outorgar direitos aos povos indígenas sobre autonomia, justiça e igualdade.

 Plano Puebla-Panamá

O Plano Puebla-Panamá é financiado pelo Banco de Desenvolvimento das Américas [3], a proposta do Banco é a integração da região central da América atingindo as regiões de Belize, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá e nove estados do México entre eles regiões autônomas zapatistas como Chiapas e Oaxaca. De acordo com o The Ecologist de Junho de 2001 [4] o projeto implica na evacuação de comunidades indígenas de suas terras para fazer estradas, aeroportos, centros industriais, plantações e áreas protegidas por bases militares

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